sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Duas de uma vez

I - À mesa
Foi com Milan Kundera que comecei a produzir, de fato, neste blog. E é com ele, agora, que o retomo. Thomas, em "A Insustentável Leveza do Ser", desvalorizava toda e qualquer noção de destino, e toda noção de amor de fato, usando do mesmo argumento de seus defensores. Dizia ele que tudo não passava de uma junção de acontecimentos desconexos, desimportantes. Que importância poderia ter o destino, se ele poderia ser alterado drasticamente pela menor mudança?
Ao contrário de Thomas, o destino me fascina. As teias tênues que ele tece, tácito, à nossa volta. Se eu tivesse ou não feito algo não é fator determinante para o entrelace de algumas de muitas histórias. Não minha ação, mas a razão que me levou a agir. Acredito no entrelace involuntário das pessoas. E acredito na força atrativa que as une, não importando a direção de suas vontades.
Laços nunca se rompem de fato.
E, se me permitem um palpite, acho que é porque eles existem mesmo antes de nós.
-------------------------------------------
II - Simples X Complexo
Tive uma discussão há alguns dias sobre complexidade e simplicidade. E não, não mesmo, não consigo classificar a humanidade num conceito simplista. Muito menos o indivíduo. Não consigo acreditar na simplicidade dos egos. E fico desapontada com essa tendência simplificadora que cerca o nosso - ou pelo menos o meu - cotidiano. Sinto falta da complexidade dos indivíduos, aquilo que os torna mais profundos. Sinto falta daquela complexidade tão profunda, tão entranhada, capaz de fazer parecer simples e comum uma compreensão mútua e silenciosa que duas pessoas podem ter em apenas uma troca de olhares - como uma simples junção de chave e fechadura.
Simples é complexo.
That's the way. I like it.