segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Waking Life


Você está sonhando. Então acorda. Vai recobrando os sentidos. Aos poucos, no entanto, vai percebendo que há algo de errado. E percebe que ainda está sonhando. Um sonho num sonho. Então você acorda novamente e ainda está sonhando.
"O sonho é o destino". Com essa frase embarcamos na viagem onírica proposta por Richard Linklater (Antes do Amanhecer, Antes do Pôr-do-Sol, A Scanner Darkly). A princípio uma junção desconexa de diálogos e um forte impacto visual sobre o telespectador, o filme logo vai se desenrolando em temas filosóficos que vão dos complexos aos mais simples - aqueles que mesmo o ser humano mediano é capaz de discutir numa mesa de bar.
O personagem se confunde com o espectador, que se torna um onironauta, enquanto as figuras animadas atingem um grau de abstração artística com cores e texturas dançando na tela.
A cada sonho, os personagens travam com o jovem discussões existenciais que vão desde a reencarnação até a evolução da espécie humana, e discussões teóricas que vão de Dante a Philip K. Dick (que foi claramente uma inspiração a Linklater). O curioso sobre o filme é que nenhum dos personagens tem nome, mas não importa - porque eles têm muito a dizer.
O filme é um impacto não só estético, mas também filosófico: afinal, podemos delinear com perfeição a fronteira entre realidade e sonho? E mais, podemos definir com firmeza o que é a realidade?
Para quem tenta fugir da "corrida de ratos".
- Não me sai da cabeça algo que você me disse.
- Algo que eu disse?
- É. Sobre a sensação de que você observa a sua vida, da perspectiva de uma velha à beira da morte... Lembra?
- Sim... Ainda me sinto assim, às vezes. Como se visse minha vida atrás de mim. Como se minha vida desperta fosse de lembranças...
- Exatamente. Ouvi dizer que Tim Leary, quando estava morrendo, disse que olhava para seu corpo que estava morto, mas seu cérebro estava vivo. Aqueles 6 a 12 minutos de atividade cerebral depois que tudo se apaga. E um segundo nos sonhos é infinitamente mais longo do que na vida desperta. Entende?
- Claro. Tipo, eu acordo às 10:12h. Então, eu volto a dormir e tenho sonhos longos, complexos, que parecem durar horas. Aí eu acordo e são 10:13h.
- Exato. Então aqueles 6 a 12 minutos de atividade cerebral... podem ser a sua vida inteira! Quero dizer, você é aquela velha, olhando para trás e vendo tudo.
- Se eu sou, o que você seria nisso?
- O que eu sou agora. Quero dizer, talvez eu só exista na sua mente. Eu sou apenas tão real quanto qualquer outra coisa.
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1 comentários:

Arthur disse...

Aiii... Juro que acho que sou o mediano! Não entendi muita coisa e também não sei o que significa "onírico"! =/

\o/ Beijouxx!