sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Mas não pense...

Que eu esperarei para sempre. Não que eu não queira. Por mim, eu esperaria. Mas o ciúme fará secar. O desejo não realizado sufocará. E, lenta e gradualmente, a paixão que eu tanto tento nutrir e cuidar fenecerá até, finalmente, virar uma sombra. E o tempo, responsável por isso, nem me fará o favor de me deixar esquecer.
É uma pena.

sábado, 31 de julho de 2010

Saia de imediato, Imediato!



Numa dessas conversas por aí, no msn, eu me dei conta - talvez pela primeira vez - do quanto me sobra juventude. É curioso, porque eu sempre me vi como alguém que não cabe dentro do próprio corpo tamanha alma velha que nele habita. Mas foi hoje mesmo, e nessa mesma conversa - reclamando para mim, com impaciência, da demora em ser respondida - que percebi que isso não passa de mais um defeito da minha juventude: querer antecipar a velhice. Ser reconhecida e me gabar de toda a experiência e maturidade que carrego comigo num papiro quilométrico.
Mas, vejam bem, não passo de uma jovem. Não posso desfrutar das licenças de ser criança. Nem do fato de ser adolescente - que já é autoexplicativo. Muito menos do peso de ser adulta - por mais que, por lei e na prática, eu seja. E muito menos ainda do ápice que eu almejo tanto - a velhice.
Não que eu deseje a velhice do corpo. Convenhamos que o meu, aos seus 21 aninhos, está muito mais do que bem servido. É a velhice do caráter, a velhice emocional. A falta de desespero da paixão que insiste em vir com aquele quê shakesperiano (nossa, isso tá certo?) de imediato.
Estou tão imediata que quero antecipar até mesmo a velhice. Que quero maturar paixões que ainda estão por nascer.
Assim sufocarei todas.
Tempo ao tempo. Que não muda nada. Mas que amorna. Acalma.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Rogai por nós, pecadores.

Não cabe a mim discutir aqui a existência de Deus, de deuses, de Allah ou do que queiram chamá-lo.
Mas eu fico pensando no porquê da existência das divindades, forças maiores e outros mundos. Não sou uma cética eu mesma.
Mas então, do que se trata? É o sentimento da perda do pai, de quem nos livramos tão cedo? A mão que nos conduz, tanto pelo carinho como pela punição?
Para quê tantos deuses, tantos senhores, tantos ídolos?
Honremos a natureza e agradeçamos a quem ela nos deu de tão bom grado - ou por simples acaso -, mas vivamos nós mesmos nossas vidas. De agora até a hora de nossa morte, e que assim seja.
Muitas vezes nos perdemos em meio à grandeza das divindades e no tanto que elas podem nos oferecer - e nos tirar - que esquecemos que viver já é, por si só, um espanto.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Tava tocando no VH1

She had something to confess to
But you don’t have the time so
Look the other way
You will wait until it's over
To reveal what you’d never shown her
Too little much too late
Too long trying to resist it
You’ve just gone and missed it
It's escaped your world

Can you see that I am needing
Begging for so much more
Than you could ever give
And I don’t want you to adore me
Don’t want you to ignore me
When it pleases you
And I’ll do it on my own

I have played in every toilet
But you still want to spoil it
To prove I’ve made a big mistake
Too long trying to resist it
You’ve just gone and missed it
It's escaped your world

Can you see that I am needing
Begging for so much more
Than you could ever give
And I don’t want you to adore me
Don’t want you to ignore me
When it pleases you
And I’ll do it on my own
I’ll do it on my own

Muse, Muscle Museum

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Oh well.

(Editado)

O que dizer do peso dos segundos sobre as minhas costas me afogando nas areias do tempo? São menos de dois dias, e a secura na minha garganta não é normal. Nem é normal a quantidade de vezes que me levanto e ando pela casa à procura de algo que sei que não está lá. Nem a necessidade que sinto de escrever a respeito. Mas só tenho duas mãos e estou inflada de sentimento. Não é justo com elas. Não consigo (d)escrever as coisas com a devida clareza. Não é intenso o suficiente para me acalmar. Não é normal. Não consigo escrever. Não consigo esquecer. É desespero o que sinto ao correr por esse imenso corredor cuja saída nunca está próxima o suficiente? Ou é vontade de alguma coisa que sei que não vou conseguir alcançar?

Sonho com corredores e portas e trancas e chaves.

E com esse fio que me puxa.

Os fios do destino me puxando como a um brinquedo para algo que não posso viver.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Instintivo

Tinha tempo que eu não parava para perceber o quanto os cheiros são importantes e até mesmo decisivos no nosso interesse pelas pessoas. Eu uso tanto a cabeça que às vezes me esqueço do instintivo, do animal. Mas voltei a pensar nisso.
Conter o lado animal é uma tarefa difícil, quase impossível.
O que somos, afinal: o caçador, armado, concentrado, focado e racional ou somos a fera que corre a esmo, sem um destino, sem um objetivo claro que não seja a própria sobrevivência - porém livre?
De que lado do espelho você está? E como conter o que o reflexo lhe diz a todo tempo?

domingo, 9 de maio de 2010

Para não dizer que não falei das flores...

Eu tento. Mas não consigo me acostumar com a correria da semana que precede esse dia, do desespero em consumir, gastar e agradar. Não consigo entender o dogma do almoço de domingo, das homenagens melosas e das declarações e abraços.
Não sei se do distanciamento proposital das relações humanas ou de alguma questão existencialista, mas é fato que não me coloco dentro do paradigma social de todas essas celebrações ocidentais. Que seja em palavras simples, eu não me encaixo mesmo.
Mas continuo dizendo "ah, amanhã é dia das mães. Queria tanto passar com ela."
Quer saber? Queria passar todos.
Agradeçam malditos, não uma vez por ano, mas todos os dias.