sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Assange x Zuckerberg: Uma verdade que dói

by: GordoNerd

Pois é, coleguinhas. Hora de repensar alguns conceitos.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Waking Life


Você está sonhando. Então acorda. Vai recobrando os sentidos. Aos poucos, no entanto, vai percebendo que há algo de errado. E percebe que ainda está sonhando. Um sonho num sonho. Então você acorda novamente e ainda está sonhando.
"O sonho é o destino". Com essa frase embarcamos na viagem onírica proposta por Richard Linklater (Antes do Amanhecer, Antes do Pôr-do-Sol, A Scanner Darkly). A princípio uma junção desconexa de diálogos e um forte impacto visual sobre o telespectador, o filme logo vai se desenrolando em temas filosóficos que vão dos complexos aos mais simples - aqueles que mesmo o ser humano mediano é capaz de discutir numa mesa de bar.
O personagem se confunde com o espectador, que se torna um onironauta, enquanto as figuras animadas atingem um grau de abstração artística com cores e texturas dançando na tela.
A cada sonho, os personagens travam com o jovem discussões existenciais que vão desde a reencarnação até a evolução da espécie humana, e discussões teóricas que vão de Dante a Philip K. Dick (que foi claramente uma inspiração a Linklater). O curioso sobre o filme é que nenhum dos personagens tem nome, mas não importa - porque eles têm muito a dizer.
O filme é um impacto não só estético, mas também filosófico: afinal, podemos delinear com perfeição a fronteira entre realidade e sonho? E mais, podemos definir com firmeza o que é a realidade?
Para quem tenta fugir da "corrida de ratos".
- Não me sai da cabeça algo que você me disse.
- Algo que eu disse?
- É. Sobre a sensação de que você observa a sua vida, da perspectiva de uma velha à beira da morte... Lembra?
- Sim... Ainda me sinto assim, às vezes. Como se visse minha vida atrás de mim. Como se minha vida desperta fosse de lembranças...
- Exatamente. Ouvi dizer que Tim Leary, quando estava morrendo, disse que olhava para seu corpo que estava morto, mas seu cérebro estava vivo. Aqueles 6 a 12 minutos de atividade cerebral depois que tudo se apaga. E um segundo nos sonhos é infinitamente mais longo do que na vida desperta. Entende?
- Claro. Tipo, eu acordo às 10:12h. Então, eu volto a dormir e tenho sonhos longos, complexos, que parecem durar horas. Aí eu acordo e são 10:13h.
- Exato. Então aqueles 6 a 12 minutos de atividade cerebral... podem ser a sua vida inteira! Quero dizer, você é aquela velha, olhando para trás e vendo tudo.
- Se eu sou, o que você seria nisso?
- O que eu sou agora. Quero dizer, talvez eu só exista na sua mente. Eu sou apenas tão real quanto qualquer outra coisa.
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segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

A quem interessar

Dizem que os piores monstros são os que nós criamos. É um fato. Ninguém sabe ser melhor algoz de outro do que de si. E eu tenho uma fábrica de produção em escala de monstros. E a cada dia me aperfeiçoo mais. Eu tenho a incrível capacidade de me inflingir sofrimento das maneiras mais cruéis possíveis. Eu não perco sequer uma oportunidade de tornar uma situação monstruosa, hostil, vil.
Sou praticante da autofagia mental, emocional e espiritual. Eu me devoro diariamente. Quem me olhar com olhos profundos achará difícil encontrar algum fragmento da minha pele que não esteja constantemente em carne viva, sangrando. Eu me causo tantas feridas o tempo todo que hoje é difícil encontrar algo ou alguém que não me machuque. Dói por fora, dói por dentro. Dor, dor, dor. Eu me rasgo e me estraçalho e berro internamente para que alguém me salve, mas não há ninguém dentro. É uma casa vazia, sem ocupantes, sem móveis, e só o que me vem em retorno é o eco do meu próprio grito, clamando de volta como quem diz numa sentença velada que ninguém virá em meu socorro. Sou incapaz de gritar para o mundo. Não por orgulho, nem por estoicismo. Pura e simples falta de atitude. Disseram-me que eu não tenho atitude, e nunca havia me julgado como covarde antes. Mas é verdade. Porque até minha covardiaa é uma forma de me causar dor, porque me impeço de me arriscar num suporto autosacrifício por terceiros. Depois me arrependo e os culpo.
Criei outro monstro.
Sou tão covarde e medíocre em tantos aspectos. Até mesmo na escrita. Nunca escrevo em primeira pessoa. É uma fuga. Não sei pedir socorro e não quero e nem vou. Permanecerei nesse estado de sofrimento calado que vai me sugar e me engolir e me devorar aos poucos, com juma lentidão cruel e sadomasoquista que só eu, como algoz de mim, sou capaz de proporcionar.
O masoquista é um suicida frustrado que vive esperando o golpe de misericórdia que por fim será capaz de ceifar-lhe a sobrevida.

Untitled

O vazio não é a ausência de dor. O vazio não é a falta de felicidade. O vazio é a dor em si, em seus estados mais puros. É um monstro invisível, amorfo, que se espalha pela atmosfera tal um veneno. É a quimera, o monstro mitológico criado a partir de todas e ada uma de suas dores, seus medos, seus pequenos monstros, que, não contentes apenas em colocar-lhe fim à vida, preferem torturar, espancar, esmagar.
O vazio é a presença sufocante de tudo aquilo que dói em um único lugar. É o vômito contido, produto do enjôo, que não sai e nem volta e que nos forçamos a mastigar e engolir repetidamente.
O que é o vazio, então? O que o caracteriza? Ele é a aceitação da dor, a abnegação da luta, é o estágio final, a entrega.
Não, o vazio não se trata de ausência.