quarta-feira, 26 de março de 2008

Hope Quote.

"De cá para lá, iam desenhando os passos de dança ao som do violino e do piano; Tereza tinha a cabeça pousada sobre seu ombro. Como no avião que levava os dois através da bruma. Sentia a mesma estranha felicidade, a mesma estranha tristeza. A tristeza queria dizer: estamos na última parada. A felicidade queria dizer: estamos juntos. A tristeza era a forma, e a felicidade era o conteúdo. A felicidade preenchia o espaço da tristeza."
- Milan Kundera, A Insustentável Leveza do Ser

quarta-feira, 19 de março de 2008

Sing, my angel of music!


"O Fantasma da Ópera" é, sem sombra de dúvidas, o melhor musical que eu já assisti. Supera "Cinderela em Paris" ou "Moulin Rouge!" com grande facilidade. A história é conhecida sem ser lugar-comum (talvez o final, para alguns, deixe um pouco a desejar - até concordaria). Não há quem não se identifique com a história - e há muitas pessoas, talvez, que já tenham passado pelo "dilema Christine", a escolha entre o amor confortável e seguro que lhes remete à infância e o amor peculiar pelo gênio daquele que se esconde nas sombras, estimulando e instigando os seus dons, levando-lhes ao seu mundo paralelo. Essa, para mim, é a grande idéia do musical... e Christine estava certa? Fez a escolha correta? Não há uma escolha correta, de fato. "Toda escolha gera uma renúncia", e ela precisava renunciar a algo. Ela não poderia continuar na dicotomia de uma vida dupla e arriscou no que de fato pensou que seria sua felicidade. O filme acaba aí, nesta escolha, e parece que tudo então se tornou um campo florido. Foi aí que o filme falhou. Falhou em mostrar ao que Christine renunciou, falhou em humanidade em prol dos "happy endings". Mas não há happy endings. Há escolhas. E renúncias.

Ah... eu conheci o musical de uma maneira não exatamente culta. Foi mesmo ouvindo "The Phantom of the Opera", a música-tema, na belíssima voz da belíssima, porém insuportável, Tarja Turunen:

In sleep he sang to me, in dreams he came

that voice which calls to me and speaks my name

And do I dream again?

For now I find the Phantom of the Opera is there, inside my mind...

Sing once again with me our strange duet

My power over you grows stronger yet

And though you turn from me, to glance behind

The Phantom of the Opera is there, inside your mind...

Those who have seen your face draw back in fear

I am the mask you wear...

It's me they hear...

Your spirit and my voice/My spirit and your voice in one combined

The Phantom of the Opera is there... inside your mind/inside my mind...

In all your fantasies, you always knew that man and mystery...

...were both in you

And in this labyrinth where night is blind

The Phantom of the Opera is there... inside your mind/inside my mind...

Sing, my Angel of Music!

quarta-feira, 12 de março de 2008

Sobre terremotos e os seus efeitos

Qualquer um que passou da terceira série sabe dizer o que é um terremoto, de modo que me abstenho de fazê-lo. Quem não sabe, bem, pesquise.

Mas terremotos, para mim, vão muito além do que um geólogo pode explicar, e são muito mais interessantes e complexos do que ele pode discorrer a respeito. Terremotos são, sobretudo, uma ironia, e não menos. São uma ferramenta manipulada pelas mãos invisíveis da natureza contra a impotência das edificações humanas. São, de fato, algo muito curioso. São totalmente imprevisíveis e inevitáveis, e tudo o que podemos fazer a respeito é procurar formas artificiais de amenizá-los.


Note-se que eu falo, aqui, dos terremotos de grande porte, as verdadeiras catástrofes. Os que fazem nosso âmago rugir e nossas construções caírem por terra. Os tremores. Os REAIS tremores, avassaladores e cruéis, que causam muito mais do que leves choques, mas sim incêndios, curto-circuitos e desmoronamentos. Caos. E especialmente a sensação de uma sedutora paralisia que nos toma conta logo que eles passam.


Terremotos são ironias sedutoras. Mas sua ironia não diz respeito ao estrago que causam ou às quimeras construídas sobre alicerces de areia que eles destroem, e sim às coisas indissolúveis que eles não levam ao chão. Então ficamos entre eles e essas coisas. As coisas eternas e os tremores fugazes. Eu os desejo.


(esse certamente merecia estar aqui)

segunda-feira, 10 de março de 2008

Salve Milan Kundera!


"Para Sabina, viver significa ver. A visão encontra-se limitada por duas fronteiras: Uma luz de tal modo intensa que nos cega e uma obscuridade total. Talvez seja daí que lhe vem a repugnância por todos os extremismos. Os extremos marcam a fronteira para lá da qual não há vida, e, tanto em arte como em política, a paixão do extremismo é um desejo de morte disfarçado."



Preciso lê-lo novamente. É uma obra para a vida. É uma obra da vida. Recomendo. Mas não me recordo. Oh, Deus, a memória é uma coisa incerta.


Assim como a vida.



Assim como o peso, a leveza e as medidas.



Assim como as pessoas.



Assim como aqueles armazéns.